segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O primeiro ano de treino

Nos três meses iniciais os treinos não foram constantes e eu procurava superar meus limites a cada dia, ainda bem que meus limites eram baixos, caso contrario eu teria morrido. Tecnicamente eu não achava que estava ruim e esta confiança ajudava o meu lado físico e me sentia satisfeito com a minha evolução.

Neste estagio da minha vida o judô é uma oportunidade social, alivia o estresse, e é uma das maneiras de ajudar na evolução intelectual e física dos meus filhos e além de tudo, posso contribuir para evolução de novos judocas.

Em vários momentos o sensei Hitoshi ficou preocupado, afinal eu estou longe dos 20 anos e muitas vezes passei dos limites, nunca consegui treinar sem tentar fazer o melhor e existe uma armadilha quando se tem quarenta anos, depois de um mês e meio de treinos você sente uma melhora física e a minha reação “insana” foi aumentar o ritmo, esta atitude impensada resultou em algumas contusões:

A primeira delas foi uma torção no tornozelo esquerdo (o mesmo da contusão de anos atrás) nada grave, porém doía e não conseguia fazer todos os movimentos, nesta situação conversei com meu amigo e ortopedista Eduardo Takimoto, e ele me ajudou prontamente na minha recuperação, e para não perder o ritmo resolvi não parar de treinar, mesmo contundido fui para os treinos, fazia uma proteção para o tornozelo e fazia aquilo que era possível, com o tratamento em pouco tempo voltei a fazer handori.

A segunda contusão foi mais grave treinando com o Sugata que estava se preparando para o metropolitano e paulistano sênior, acabei levando um couti-gari invertido de direita (ele é canhoto) e meu pé direito acabou torcendo e rompeu um ligamento, novamente o Eduardo Takimoto teve méritos na minha recuperação e nesta situação fiquei sem treinar poucos dias e usei a mesma estratégia da primeira contusão, fui para o treino mesmo que não fizesse nada. Eu sabia que se deixasse de ir ao Dojô poderia desistir dos treinos e ai ficaria mais um longo período sem treinar. Agora todo treino eu tinha que ficar parecendo uma múmia utilizava um faixa elástica e as tornozeleiras como proteção.

O terceiro acidente foi em um treino na Academia Alto da Lapa. Em uma sexta feira a convite do Rodrigo Motta fui conhecer a academia, rever o Sensei Uchida e participar do treino destinado aos meninos de Avaré, projeto coordenado pelo Lex e fazendo um handori com Thalitinha, uma promissora judoca do alto da lapa, ela involuntariamente acabou pisando no meu dedinho do pé esquerdo e esmagando-o ao tentar entrar um ippon-seio-nague, na hora não senti absolutamente nada, somente um pequeno incomodo. No dia seguinte ele estava um pouco inchado e roxo e não dei muito atenção continuei a treinar durante a semana até a semana seguinte quando percebi que a dor não passava e ele continuava roxo, para variar nova consulta com o velho amigo Takimoto e ele disse que eu era um demente e pediu que eu tirasse uma radiografia. Conclusão o dedo estava fraturado – mas como o dedinho não faz parte do corpo de um judoca, tomava os remédios necessários e colocava uma tala nos dedos para evitar danos maiores e ia para os treinos.

Após um período sem me machucar, aproximadamente um mês. Fazendo uchikomi (treino de entrada de golpe) acabei trincando as duas primeiras costelas fazendo um ippon-seio-nague, neste caso eu estava treinando o ippon-seio empurrando e fiz a entrada relaxado, e com o peso do adversário acabei me machucando sozinho, foi ridículo! Durante semanas fiquei sentindo dores e tive que utilizar uma cinta para minimizá-las.

A última contusão que tive foi o segundo dedinho do pé direito treinando com a Joice uma judoca que tem um grande futuro, mas para isto precisa treinar com mais foco e ouvir o que os senseis dizem. No handori ela tentando entrar um ippon-seio acabou pisando na ponta do segundo dedo e sem querer acabou empurrando o dedo para cima, conclusão o meu dedo deslocou ficando para cima e o sensei Hitoshi teve que colocá-lo no lugar novamente.

Este processo durou aproximadamente um ano e as contusões não aconteceram por acaso, o meu desleixo com corpo acabou ajudando as contusões. Quando voltei a treinar estava acima do peso, estava sem praticar qualquer atividade há muito tempo, estava com pressão alta, minha alimentação era horrível e para completar eu fumava, resumindo estava um lixo.

Após muito refletir e procurar maneiras de fazer as coisas acontecerem, percebi que além da minha cobrança existia a cobrança dos meus filhos e esposa, e era difícil explicar para eles que eu não sabia o que fazer para reverter o quadro que eu criei. Neste momento, um conjunto de situações e mais o meu retorno  ao Dojô me levaram a lembrar o que é preciso ter para atingir um objetivo e a resposta encontrada foi:  "Determinação". A partir deste momento coloquei um objetivo claro e acessível e que envolvesse tudo aquilo que acredito ser importante: Família, amigos, corpo e mente, e que servisse de exemplo para o futuro.

Os primeiros passos foram dados e agora vamos aguardar os próximos acontecimentos é uma questão de evolução e paciência.

“Quando verificares, com tristeza, que nada sabes, terás feito teu primeiro progresso no aprendizado.”Jigoro Kano

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