domingo, 27 de dezembro de 2009

62º Torneio Anual Budokan – O Torneio - Parte I

Os torneios organizados pela Budokan ocorrem desde 1948 e durante anos foram organizados pelo Sensei Ryuzo Ogawa – 8º Grau, que passou para seu filho Sensei Matsuo Ogawa - 9º Grau, e hoje é organizado por seus netos Hitoshi e Hatiro Ogawa – 6º e 7º Grau.

A importância deste torneio para o Judô Brasileiro é algo grandioso, por ele passaram grande parte da nata do judô nacional – mestres e atletas, e com o auxilio deste torneio ajudou a moldar o judô brasileiro, deixando-o muito próximo ao praticado no Japão. Mas este é um assunto que merece vários “posts” e precisam de uma grande riqueza de detalhes para mostrar o quão importante é este evento.

No dia 05 de Setembro de 2009 foi realizado em Pindamonhangaba, interior de São Paulo o 62º Torneio Budokan, considerado o segundo torneio mais tradicional do mundo, ficando atrás somente do Campeonato Japonês.

Participaram aproximadamente 700 atletas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, entre outros. Estavam presentes neste evento os ilustres atletas Carlos Honorato, Henrique Guimarães e Edinanci Silva – Atletas olímpicos, que fazem parte da nata do judô nacional e mundial e que merecem todo o respeito pelas suas conquistas. “Muito Obrigado!”.


Carlos Honorato, Hitoshi Ogawa, Edinanci Silva, prefeito João Ribeiro, Henrique Guimarães e secretário de Esportes do município, Tayoba.

A competição inicialmente estava marcada para o dia 16 de Agosto de 2009, porém com o problema da H1N1 – Gripe Suína, ela foi adiada para o dia 05 de Setembro. O torneio é dividido por idade com competições no individual (Por peso e Absoluto) e por equipe para Dangai (Faixa Colarida) e Yudan (Faixa Preta).

Estava programada para sairmos da academia as 6:30 hs da manhã com o destino a Pindamonhangaba, comigo estava minha bolsa com o meu velho kimono - companheiro inseparável de treinos. A minha expectativa era somente assistir e ajudar na organização do torneio. Momentos antes o Gugu e o Marcão perguntaram se eu iria lutar e eu disse que não estava nos meus planos, mas se não tivesse uma equipe completa eu entraria, com a experiência da ultima competição pensei que era fogo de palha e que eu não precisaria colocar o kimono e de verdade o meu maior interesse era ver o desempenho da garotada da academia, queria ver a evolução deles com os meus próprios olhos, especialmente o Rafael e Adriano que estavam treinando conosco a noite.

Neste torneio os que classificaram lutando pela Hombu Budokan foram: Rômulo, Ramon, Vinicius, Rafael e Adriano. Fiquei feliz em ver a evolução de todos. Nesta competição todos lutaram bem e a todo momento buscaram a finalização – “o ippon”, os vi entrarem os golpes que treinaram. Espero que continuem se dedicando para alcançarem seus ídolos.

Classificação Geral ...
1º  – S.E. Palmeiras, 147 ptos;
2º  – Budokan Peruíbe, 82 ptos;
3º  – Jequía Iate Clube – RJ, 54 ptos;
4º  – Ribeirão FC, 47 ptos;
5º  – AJ Vila Sônia, 45 ptos;
6º  – AA Ferroviária, 45 ptos.




Toda viagem onde o objetivo é participar de uma competição é sempre uma aventura, carrega uma tensão no ar durante todo o percurso. Esta tensão está no rosto e nas ações de cada um. Alguns não dormem a noite, outros estão assustados, outros falam sem parar, outros não falam, alguns tentam auto-afirmarsse e muitos tem dor de barriga, este talvez seja o mais freqüente entre os atletas. Eu não planejava lutar mas...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A primeira competição

Quando retornei a treinar sabia que mais cedo ou mais tarde o meu lado “insano” iria querer competir, e a oportunidade surgiu no inicio de maio de 2009, o Sensei Hitoshi comunicou que haveria uma competição no dia 28 de Junho de 2009 por equipes em Ribeirão Pires e que a academia tinha a intenção de participar.

Para a competição resolvi aumentar a carga de treinos, mas nada relacionado a preparo físico, somente judô e não fazia qualquer dieta, eu não tinha qualquer pretensão em perder peso para competições por equipes. Após o anuncio que iríamos competir pensávamos em entrar com duas equipes, mas se todos quisessem competir poderíamos ter até três equipes, porém a duas semanas da competição tínhamos confirmado somente as seguintes pessoas...


Edmilson (China), Alexandre (Xandi), Affonso e  Fernando Maionque

Na semana da competição Sensei Hitoshi fez uma simulação de shiai por equipe para que entrássemos no ritmo e espírito da competição.

Na sexta-feira véspera da competição confirmamos o ultimo participante ou se preferir o quinto elemento – Nildo, professor de Jiu-Jistsu e judoca muito aplicado. Nossa equipe estava formada, porém nosso maior problema era o peso, nossa equipe era muito leve e isto poderia nos trazer alguma desvantagem.



Domingo dia da competição! Por incrível que pareça, eu estava muito tranqüilo, não sei explicar, não me sentia pressionado ou tenso como em outras ocasiões, nossa primeira luta seria com um clube Taboão e nesta equipe só tinha um graduado e aparentemente demonstraram inexperiência em shiai.

Nossa equipe estava tensa, a primeira luta foi o Maionque e ganhou por ippon, sofreu um pouco até conseguir jogar, a segunda foi o Xandi e também ganhou por ippon, a terceira foi o Edmilson que também ganhou de ippon e a quarta luta... - “Minha primeira luta, depois de muito tempo, foi como esperado. No mínimo esquisita! Meu oponente era um faixa azul um pouco maior que eu, sempre tive dificuldade para lutar com pessoas com pouca experiência, elas normalmente fazem muita força e entram contragolpes que às vezes podem machucar, o caso mais comum é levar um Tani-Otoshi fora do tempo e a conseqüência é machucar o tornozelo ou joelho. Com esta preocupação acabei tentando entrar um Uchi-Mata displicentemente, e adivinhe o que aconteceu: Levei um Yuko de Tani-Otoshi (contragolpe), neste momento centrei-me novamente e levantei com o objetivo de acabar rapidamente com a luta, segurei firme gola, matei a manga, com a pegada dominada entrei um O-Soto-Gari de longe, enganchando o pé e aproximando e “vupt”, ele desmoronou e caiu no chão, ganhei por desistência, aparentemente machucou o joelho. Fiquei frustrado, não consegui entrar um golpe e nem sequer jogá-lo.” E por ultimo foi luta do Nildo que também ganhou por ippon.

A próxima equipe a enfrentar era Associação Hinode, eles mantém uma equipe master forte, com algumas figuras conhecidas na minha época como o Osvaldinho e Paulinho Castellanos. Na primeira luta foi o Fernando contra o Osvaldinho, o Fernando estava lutando bem e no final acabou levando um ippon de morote-seio-nague, na segunda luta o Xandi acabou perdendo de ippon por imobilização, na terceira luta o Edmilson perdeu levou um Kata-Otoshi e levou ippon .

Quarta luta, eu estava pronto, me sentia bem e resolvi adotar uma estratégia “infame” de não me desgastar no inicio e atacar no final da luta quando ele estivesse cansado. A estratégia não funcionou e os motivos foram: Acabei sendo surpreendido pelo preparo e força do Paulinho, nitidamente ele tinha mais ritmo e preparo em competição do que eu, após conseguir passar o primeiro 1,30’ de luta percebi que não tinha mais forças para movimentá-lo e conseqüentemente não entrei nenhum golpe, fui completamente neutralizado e acabei levando um shido por falta de combatividade e outro shido por segurar uma manga dele com as duas mãos por mais de cinco segundos. Resumindo foi um lixo de luta no meu ponto de vista, fiquei muito irritado. Perder por falta de combatividade e não conseguir fazer qualquer entrada de golpe é extremamente frustrante para mim, claro que o Paulinho tem todos os méritos, porém eu como judoca não posso aceitar perder desta forma e por causa do Paulinho e desta luta decidi treinar mais forte visando encontrá-lo em outras competições. E por ultimo o Nildo estava lutando bem e acabou perdendo por ippon no finalzinho da luta.

Desta forma acabamos em terceiro lugar, com a Hinode em primeiro e Santo André em segundo, nossa equipe a principio ficou desanimada, mas espero que se animem para o próximo ano. Afinal são as derrotas que nos fazem crescer e entender que não existe maneira fácil para ser forte e precisamos nos esforçar para vencer os desafios.


1o. Hinode, 2o. Sto Andre e 3o. Hombu Budokan

terça-feira, 24 de novembro de 2009

32o Torneio por Equipes Budokan - 1979

Esta foto foi tirada no 32o. Torneio Anual de Judo por Equipes Budokan e disponibilizada pelo Sensei Hitoshi Ogawa. Ele sabendo da minha iniciativa no blog resolveu disponibilizar algumas fotos para serem divulgadas. Muito obrigado Sensei.

Na foto fazendo a premiação está o Sensei Massao Shinohara e a equipe premiada é da Vila Sônia, os garotos que consegui identificar são: Eduardo Kodama, Endo, Vicenzo o restante não consegui, mas casos vocês lembrem de alguém, por favor coloque nos comentários.


Torneio Internacional Pirelli - 1988

Para estrear o topico fotografia em preto e branco encontrei uma foto que foi publicado no jornal interno da Pirelli sobre o Torneio Internacional da Pirelli em 1988 (21 anos atrás) nesta competição fiquei em terceiro lugar perdendo de wazari (uchi-mata) executado pelo Teshima (Projeto Futuro e Pirelli) que ficou em primeiro lugar, em segundo ficou Glauco (Pirelli) e em terceiro eu acho que é o Adilson (Corinthians).  Bons tempos eu estava no Junior Ligeiro (até 60 kgs) e tinha somente 18 anos.


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Festival Interno Integração de Judô - Assoc. Judô Hombu Budokan


A nossa associação tem a satisfação de convidá-los a participar do "Festival Interno de Integração" organizado pela Associação de Judô Hombu Budokan que será realizado no dia 21 de novembro de 2009 (sábado), na Praça Adelaide, No. 5 - Próximo Terminal Jabaquara a partir das 9:00 hs.

Para maiores detalhes envie email para ogawabudokan@terra.com.br e/ou submission777@gmail.com, ou entre em contato pelo telefone (0xx11) 5011-8311.

REGULAMENTO

  •  O professor responsável deverá enviar a relação dos alunos participantes através dos e-mail ogawabudokan@terra.com.br e/ou submission777@gmail.com até o dia 10/11/2009;
  • O evento terá o número de inscrições limitadas, podendo a qualquer momento ser encerrada;
  • A taxa de inscrição para o evento é de R$10,00 (Dez Reais) por participante;
  • Não serão aceitas inscrições fora do prazo estabelecido por este regulamento;
  • Os atletas devem se dirigir ao local de sua luta somente no horário pré determinado. 
HORÁRIOS

09:00 hs - Concentração
09:30 hs - Inicio para crianças de 3 e 4 anos
10:00 hs - crianças de 5 anos
10:30 hs - crianças de 6 anos
11:00 hs - crianças de 7 e 8 anos
12:00 hs - crianças de 9 e 10 anos
13:00 hs - crianças de 11 e 12 anos
14:00 hs - crianças de 13 e 14 anos

Obs.: Chegar pelo menos dez minutos de antecedência do horário determinado para a idade.

COMO CHEGAR


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Definindo metas e pensando no futuro

Corrigindo o passado

Há alguns dias atrás a Sabrina lembrou-me que eu havia involuntariamente omitido fatos importantes na historia e que refletem diretamente nas minhas decisões, e para corrigir esta falha e mostrar a força de uma única frase vou descrever este fato - “O Dudu já fazia natação e eu disse para Sabrina que ele não demonstrava interesse pelo judô.” A resposta dela foi: - Ele gosta de natação porque eu o levo nas aulas e o incentivo a fazê-las, portanto se você quer que ele faça judô, faça a sua parte!

Tomando a decisão

Em 20 de Dezembro de 2008 foi aniversario do Eduardo e a festa de Bonenkai da Budokan, neste evento o Dudu foi promovido para faixa bordo (vinho) e o Enrique infelizmente não pode mudar de faixa, ele quase não fazia aula e seria uma injustiça com o restante dos alunos. Nesta festa de confraternização percebi que eu precisaria de algo mais para servir de exemplo para meus filhos e mais jovens e precisava ser algo que eu pudesse me orgulhar no futuro, então a primeira coisa que eu pensei foi: “Eu vou voltar a competir” – Esta decisão foi importante, era o rascunho para determinar minhas metas.

Estabelecendo Metas – Ajudando os mais novos

O maior motivo para que eu retomasse o contato com judô foram os meus filhos, eu quero que eles tenham o contato com esta nobre arte e a base e direcionamento para conquistar todos os objetivos em suas vidas.

Pensando desta forma uma das metas é colaborar com os jovens para a sua evolução como pessoas, judocas e atletas através do judô. O primeiro passo foi criar este blog com a esperança de servir de inspiração para muitas pessoas. O segundo passo é ajudar os jovens que estão próximo e desejam ser fortes e evoluir. O terceiro passo é montar um projeto social que ajude um grupo de crianças a terem a oportunidade de seguirem pelo o “caminho suave”.


Estabelecendo Metas – Motivando as academias e associações

Do meu ponto de vista os grandes formadores de atletas são as academias e associações e não clubes como vêem sendo divulgado (raras as exceções). Os clubes tem um papel fundamental na continuidade da carreira do atleta que eu considero ser na passagem da adolescência para a fase adulta.  Porém durante a época de formação da criança/atleta quem é responsável pelo desenvolvimento tecnico.  Este processo funciona bem porque o judô exige um longo tempo para aperfeiçoamento das técnicas e um acompanhamento quase que individual para o desenvolvimento atlético e pessoal.

Algumas associações estão se movimentando e procurando melhorar sua estrutura para manter-se como fonte de novos atletas, a minha meta é ajudar a associação que eu participo - Na sua estrutura e em outras situações que meus serviços sejam necessários e aprovados pelo Sensei.

Estabelecendo Metas – Retorno as Competições

No dia 02 de Janeiro de 2009 tomei a primeira decisão importante – “Parar de Fumar”.  Para que esta ação se tornasse verdadeira alguns fatos aconteceram e motivaram-me a largar - A Dora (Tia) havia conseguido parar de fumar (fumante inveterada e compulsiva), a empresa que eu trabalho iniciou uma campanha contra o tabagismo, a cobrança dos meus filhos e esposa (antiga reclamação) e se eu quisesse voltar a competir precisa rever meus hábitos, então no dia 02 de Janeiro de 2009 de madrugada após uma crise de tosse decidi parar.
Os dois primeiros meses foram difíceis, mas utilizei de todos os artifícios disponíveis, path e chicletes de nicotina, acupuntura e exercícios, somente depois que parei percebi o quanto fazia mal, o quanto me prejudicava e o quanto eu era dependente.

A segunda decisão foi fazer um check-up geral visando verificar o estado de saúde atual e estabelecer se eu estava apto para competir. Dois pontos eu sabia que precisava controlar era a pressão arterial e o peso, afinal parando de fumar e a tendência seria engordar, para diminuir o impacto destes problemas aumentei a minha carga de treino e modifiquei parte da minha alimentação, obtive bons resultados estabilizei minha pressão com medicação e treino, e consegui perder nove quilos, mas ainda estou longe do ideal.

A terceira decisão que tomei foi fazer um planejamento para participar e classificar em pelo menos um Campeonato Mundial Master até 2014, porém a execução deste planejamento é complexa é necessitará de um extenso controle de riscos e um plano de contingência detalhado durante todo o processo.

Conclusão

As atividades macros foram determinadas agora é preciso detalhar o planejamento e executar as tarefas estruturais deste projeto, e para cada atividade e fase concluída será uma vitoria de todos e mostrará as alegrias, as tristezas e os percalços que terei durante este caminho, mas que são fundamentais para o amadurecimento do ser humano.

“Conhecer-se é dominar-se, e dominar-se é triunfar” – Jigoro Kano

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O primeiro ano de treino

Nos três meses iniciais os treinos não foram constantes e eu procurava superar meus limites a cada dia, ainda bem que meus limites eram baixos, caso contrario eu teria morrido. Tecnicamente eu não achava que estava ruim e esta confiança ajudava o meu lado físico e me sentia satisfeito com a minha evolução.

Neste estagio da minha vida o judô é uma oportunidade social, alivia o estresse, e é uma das maneiras de ajudar na evolução intelectual e física dos meus filhos e além de tudo, posso contribuir para evolução de novos judocas.

Em vários momentos o sensei Hitoshi ficou preocupado, afinal eu estou longe dos 20 anos e muitas vezes passei dos limites, nunca consegui treinar sem tentar fazer o melhor e existe uma armadilha quando se tem quarenta anos, depois de um mês e meio de treinos você sente uma melhora física e a minha reação “insana” foi aumentar o ritmo, esta atitude impensada resultou em algumas contusões:

A primeira delas foi uma torção no tornozelo esquerdo (o mesmo da contusão de anos atrás) nada grave, porém doía e não conseguia fazer todos os movimentos, nesta situação conversei com meu amigo e ortopedista Eduardo Takimoto, e ele me ajudou prontamente na minha recuperação, e para não perder o ritmo resolvi não parar de treinar, mesmo contundido fui para os treinos, fazia uma proteção para o tornozelo e fazia aquilo que era possível, com o tratamento em pouco tempo voltei a fazer handori.

A segunda contusão foi mais grave treinando com o Sugata que estava se preparando para o metropolitano e paulistano sênior, acabei levando um couti-gari invertido de direita (ele é canhoto) e meu pé direito acabou torcendo e rompeu um ligamento, novamente o Eduardo Takimoto teve méritos na minha recuperação e nesta situação fiquei sem treinar poucos dias e usei a mesma estratégia da primeira contusão, fui para o treino mesmo que não fizesse nada. Eu sabia que se deixasse de ir ao Dojô poderia desistir dos treinos e ai ficaria mais um longo período sem treinar. Agora todo treino eu tinha que ficar parecendo uma múmia utilizava um faixa elástica e as tornozeleiras como proteção.

O terceiro acidente foi em um treino na Academia Alto da Lapa. Em uma sexta feira a convite do Rodrigo Motta fui conhecer a academia, rever o Sensei Uchida e participar do treino destinado aos meninos de Avaré, projeto coordenado pelo Lex e fazendo um handori com Thalitinha, uma promissora judoca do alto da lapa, ela involuntariamente acabou pisando no meu dedinho do pé esquerdo e esmagando-o ao tentar entrar um ippon-seio-nague, na hora não senti absolutamente nada, somente um pequeno incomodo. No dia seguinte ele estava um pouco inchado e roxo e não dei muito atenção continuei a treinar durante a semana até a semana seguinte quando percebi que a dor não passava e ele continuava roxo, para variar nova consulta com o velho amigo Takimoto e ele disse que eu era um demente e pediu que eu tirasse uma radiografia. Conclusão o dedo estava fraturado – mas como o dedinho não faz parte do corpo de um judoca, tomava os remédios necessários e colocava uma tala nos dedos para evitar danos maiores e ia para os treinos.

Após um período sem me machucar, aproximadamente um mês. Fazendo uchikomi (treino de entrada de golpe) acabei trincando as duas primeiras costelas fazendo um ippon-seio-nague, neste caso eu estava treinando o ippon-seio empurrando e fiz a entrada relaxado, e com o peso do adversário acabei me machucando sozinho, foi ridículo! Durante semanas fiquei sentindo dores e tive que utilizar uma cinta para minimizá-las.

A última contusão que tive foi o segundo dedinho do pé direito treinando com a Joice uma judoca que tem um grande futuro, mas para isto precisa treinar com mais foco e ouvir o que os senseis dizem. No handori ela tentando entrar um ippon-seio acabou pisando na ponta do segundo dedo e sem querer acabou empurrando o dedo para cima, conclusão o meu dedo deslocou ficando para cima e o sensei Hitoshi teve que colocá-lo no lugar novamente.

Este processo durou aproximadamente um ano e as contusões não aconteceram por acaso, o meu desleixo com corpo acabou ajudando as contusões. Quando voltei a treinar estava acima do peso, estava sem praticar qualquer atividade há muito tempo, estava com pressão alta, minha alimentação era horrível e para completar eu fumava, resumindo estava um lixo.

Após muito refletir e procurar maneiras de fazer as coisas acontecerem, percebi que além da minha cobrança existia a cobrança dos meus filhos e esposa, e era difícil explicar para eles que eu não sabia o que fazer para reverter o quadro que eu criei. Neste momento, um conjunto de situações e mais o meu retorno  ao Dojô me levaram a lembrar o que é preciso ter para atingir um objetivo e a resposta encontrada foi:  "Determinação". A partir deste momento coloquei um objetivo claro e acessível e que envolvesse tudo aquilo que acredito ser importante: Família, amigos, corpo e mente, e que servisse de exemplo para o futuro.

Os primeiros passos foram dados e agora vamos aguardar os próximos acontecimentos é uma questão de evolução e paciência.

“Quando verificares, com tristeza, que nada sabes, terás feito teu primeiro progresso no aprendizado.”Jigoro Kano

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Atravessando da sanidade para insanidade

Depois de participar de algumas competições do Master/Veteranos comecei a perceber o quanto o ser humano pode ser insano, e submeter-se a condições extremas para participar de competições e superar limites.

Estas pessoas em teoria não precisam fazer mais isto. Estão estabilizados, tem suas vidas e famílias, conquistaram parte de seus objetivos deste ponto de vista são vencedores. Então por quê? Por que eles se submetem a perder peso, a treinar três vezes por semana ou até mesmo não treinar? Por que se machucam e continuam a ir ao treino? E outras centenas de perguntas que aparecem conforme vamos conhecendo estas pessoas. É insana a maneira de pensar destes velhinhos.

Eles são movidos pela paixão pelo judô, pela necessidade de transmitir os conhecimentos adquiridos durante a vida, o prazer de competir, os velhos amigos, pelos novos amigos, o aprendizado da humildade e dignidade, pelos nossos filhos, pelo forte vinculo criado por esta comunidade, e que não se abala facilmente. E quando adormecido, desperta, volta com força máxima demonstrando que não é só um esporte. É um suporte para vida, uma filosofia, algo que você vai carregar e irá transmitir para outros com alegria.

Esta procura contínua pela insanidade contribuirá para que os mais novos entendam que não existe maneira fácil para ser “forte”. E ser “forte” é um conjunto de atributos que serão conquistados durante a vida  que exigem no mínimo perseverança – “nunca desistir”.

Aqui nestas palavras ficam o meu respeito e admiração por estas pessoas que ajudam a manter o espírito do judô e da competição vivos.

E como não poderia deixar de citar um amigo que no último final de semana deve ter conquistado 999o. Campeonato Paulista, com seus 46 anos. Parabéns Tiquinho!!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Preenchendo as lacunas do passado... - O novo começo

Em Agosto de 2008 aconteceram dois fatos interessantes o primeiro era mês de olimpíadas e eu não estava trabalhando, portanto passei todas as madrugadas assistindo lutas de judô, e a segunda, o Eduardo empolgou-se e queria lutar.

Rapidamente comecei a procurar academias perto de casa, ou melhor, que eu conseguisse sair do trabalho, pegar os meninos na escola e chegar em tempo ao treino. Por coincidência a segunda academia que eu tinha o endereço era da Hombu Budokan, mas eu inicialmente havia descartado, achava que era longe de casa, mas por sorte quando liguei para academia fui avisado que havia treinos aos sábados – Perfeito! Era tudo que eu queria e precisava. A estratégia planejada era eu entrar no Dojo junto com eles, entendia que o Dudu iria participar da aula sem problemas, porém o Enrique era pequeno e precisaria de cuidados maiores, portanto decidi que entraria junto com o Enrique para evitar problemas e que ele aos pouco fosse introduzido no judô.

Durante alguns sábados levei os meninos e em um deles encontrei o Sensei Hitoshi. Fiquei muito feliz, afinal rapidamente identifiquei o passado que eu pensava estar perdido – o de tradição e disciplina. Neste momento fiquei aliviado por deixar o Dudu treinar judô, na minha opinião este seria o melhor lugar para ele treinar. Sei que ele está em boas mãos.

Passou-se o primeiro mês de treino do Dudu e resolvi levá-lo durante a semana. Quando o levei para minha surpresa encontrei o Fernando Maionque, ele era atleta do Yamazaki e lutava na mesma categoria que eu, fiquei imensamente feliz! Quando assisti sua aula fiquei aliviado, pois percebi que eu poderia contar com ele para ajudar o Dudu e o Enrique a entender o Judô em sua essência.

Com muitas coisas boas acontecendo em minha vida acabei reencontrando um grande amigo Marcelo Fugimoto, este fato foi importante, pois em um almoço falamos sobre o passado ele me disse para eu voltar a treinar, pensei durante uma semana  e comecei a preparar o meu retorno.

No final de setembro de 2008 comecei a treinar a noite, uma vez por semana com o Sensei Hitoshi na Hombu Budokan e a tentar pegar ritmo. No inicio tudo é festa e estava bem, lutava bem solto e sem qualquer preocupação ou cobrança, porém o instinto insano começava a rondar e, como esperado, o aprofundamento no judô inicia-se: Começo a ir assistir competições com mais freqüência, revejo amigos e pessoas que estavam esquecidas no meu passado, relembro dos bons momentos que vivi com o judô, começo a ler mais sobre o assunto e os caminhos que ele vem percorrendo.

E surfando pela internet encontrei o nome de Rodrigo Motta em um artigo, demoro a acreditar que seja ele, e em uma conversa com o Fugimoto descubro que eles mantém contato e por “força do destino” acabamos retomando. Conversar com ele é fantástico, pois eu não conheço ninguém mais apaixonado por judô e competições. E esta paixão é transmitida de maneira sincera para todos em sua volta – É contagiante! Então por que resistir? – Vamos Treinar!!!

Saber cada dia um pouco mais e usá-lo todos os dias para o bem, esse é o caminho dos verdadeiros judocas” – Jigoro Kano

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Preenchendo as lacunas do passado... Parte VI

No segundo semestre de 2005 e primeiro semestre de 2006 não fiz qualquer atividade física, era pai fresco e a iniciava um novo desafio profissional havia entrado em uma sociedade de uma empresa de tecnologia e iria para o Rio de Janeiro toda a semana, isto é, iria para o Rio de Janeiro toda a segunda-feira e retornava para São Paulo toda sexta-feira, sinceramente eu não gostava desta vida, mas era um mal necessário.

Durante minha estadia no Rio comecei a sentir falta de fazer uma atividade física e como as academias de judô que conhecia eram muito longe de onde eu estava, pensei em praticar Krav Maga, mas só pensei! Assisti a algumas aulas, mas nunca pratiquei.

Um belo dia resolvi procurar alguma coisa para tirar o estresse acumulado e o tédio que me trazia aquela vida. conversando com um amigo ele disse que tinha uma academia em Laranjeiras, no inicio fiquei relutante em ir, mas acabei indo treinar algumas vezes o que me ajudou muito a suportar os dias que estavam por vir.

Em março de 2007 estava em São Paulo novamente agora em outras condições. Não fazia mais parte do quadro de sócios da empresa que ajudei a fundar e na minha cabeça iniciava-se uma mudança e uma nova maneira de tratar os assuntos. Em uma analise rápida podia se verificar que a minha saúde estava em estado deplorável: Muito acima do peso, pressão alta, triglicérides alto, alergias crônicas e um cansaço e desanimo de dar inveja em Morfeu - Deus do Sono. Neste momento critico e confuso aconteceu algo interessante o Dudu havia crescido e seu interesse por esportes havia aumentado e como primeira tentativa optamos pelo futebol que era próximo da escola, porém a idéia para o momento não foi feliz! Ele era muito pequeno para as outras crianças que praticavam o esporte. Com o ocorrido surgiu à idéia de colocar o Dudu para praticar judô e comecei a procurar uma academia próxima de casa – Mas não poderia ser qualquer lugar, judô de escolhinha nem pensar, só seu conhecesse o professor e confiasse plenamente nele – algo difícil ultimamente, judô de clube só é interessante a partir da adolescência próximo da fase adulta, o que eu gostaria de verdade é colocá-lo em uma academia / associação como nas que aprendi e que tem forte tradição japonesa e alta disciplina. – Naka e Vila Sonia. Em uma das minhas visitas ao CAT da federação com o Dudu acabei pegando o endereço de duas academias: A primeira que fiz opção de ir foi a Shurikan na Vila Mariana, porém para o Eduardo não havia um horário razoável, onde eu conseguisse sair do trabalho e o levasse até o judô. Mas quando vi a movimentação na academia fiquei empolgado e rapidamente resolvi voltar aos treinamentos, e de quebra às vezes trazia o Dudu para assistir, para ver se ele se empolgava com os treinos, eu não queria forçá-lo. Após um mês de treino me sentia melhor e comecei a forçar o ritmo, no terceiro mês quando me sentia bem tive uma nova lesão aplicando um tomoe-nague! Consegui descolar um músculo do osso bacia! Meu amigo que é ortopedista disse-me que talvez precisasse de uma cirurgia, logo fui obrigado a ficar de molho mais alguns meses. Como era de se esperar, mas eu não queria acreditar é que a idade chega para todos, e todo cuidado e pouco. E como não me preparei como devia acabei me prejudicando por mais um longo período.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Procurando saber o que é preciso... Parte II

Vocês conhecem o provérbio popular: “Me digas com quem andas e eu te direi quem es”. Esta frase encaixa-se perfeitamente ao nosso dia-a-dia e a qualquer atividade que você queira fazer.
Para maioria das pessoas um indivíduo ficará bom (forte) somente com sua força de vontade e capacidade. Porém eu não acredito que isto seja 100% verdade! Não tenho duvida que seja necessária força de vontade e capacidade, mas para se tornar realmente forte você precisa de algo mais... A ajuda de companheiros e professores.

Eu tenho certeza que se você tiver companheiros que queiram te ajudar e que você esteja disposto a se esforçar, acredite você irá crescer. Evoluir! E quanto mais fortes e técnicos forem seus companheiros melhor e mais rápida será a sua evolução. Tendo estas pessoas você terá parâmetros (exemplos), objetivos - alguém que você queira superar, e assim ter uma trilha para alcançar seu objetivo.

Olhando para trás a minha geração foi privilegiada e teve a oportunidade de ser treinado e treinar com os melhores do judô nacional. Tive a oportunidade de treinar e ser treinado por: Luiz “Jun” Shinohara, Floriano, Luiz Onmura, Nelson Onmura, Sumio Tsugimoto, Aurélio Miguel, Ricardo Sampaio, Rogério Sampaio, Hitoshi Ogawa, Ishii, Massao Shinohara, Oide, Saito e tantos outros.

Uma das ótimas lembranças que tenho era treinar com o Luiz "Jun" Shinohara, eu era derrubado umas 10 vezes de ulti-mata e mais umas 10 vezes de okuri-ashi-barai, mas era uma felicidade treinar com ele, apesar de eu ter certeza que ele não era muito fã de fazer handori comigo. Mas todas as vezes que pedi para ele treinar comigo ele veio sempre com toda a boa vontade.  Meu objetivo era claro ser bom e técnico como ele. O Jun era o meu objetivo e parâmetro para crescimento, porém nunca cheguei nem perto da sua habilidade.

Conversando com um amigo outro dia, escutei aquilo que eu acredito. A questão do parâmetro, do objetivo. Naquele momento ele lembrou-se que quando viu o Yoko-Tomoe do Myasato... Pensou: “É isto que quero fazer!”.

Em outro caso um grande amigo aprendeu e treinou o Tai-Otoshi do Mike Swain. Eu me lembro que eu e ele apanhamos dele que nem gente grande. Foi ótimo!!! Outros tentavam copiar o ippon-seoi do Luiz Onmura e assim por diante... Tínhamos um serie de exemplos que poderíamos seguir e sabíamos que quanto mais treinávamos com eles, mais fortes poderíamos ficar.

Sendo assim o praticante de judô e o judoca dependem muito das pessoas, apesar de ser um esporte individual, devemos sempre agradecer e respeitar a família, professores, companheiros, amigos, rivais e etc. E lembre-se sempre que não existe maneira fácil de ficar forte.

"O adversário é um parceiro necessário ao progresso, a vida da humanidade baseia-se neste princípio." (Jigoro Kano).

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Preenchendo as lacunas do passado... Parte V

Enquanto o Dudu crescia e eu já havia parado de treinar, porque tive dificuldade de conciliar as atividades de profissional, pai, marido e esportista, então por opção e por “preguiça” fiz a opção de não praticar esportes. Na metade de 2004 tive uma nova surpresa a Sabrina estava grávida e a previsão de chegada do bacuri era setembro de 2005.

Durante o período antes do nascimento aconteceram alguns fatos interessantes o primeiro deles foi encontrar o Eduardo Kodama (Vila Sônia) no Hospital Maternidade São Luiz, a Sabrina fazendo o acompanhamento da gravidez e o Kodama se preparando para ser pai pela primeira vez, como sempre nestes encontros de certa forma nostálgicos falamos sobre judô e da vontade de voltar a treinar. Algumas semanas depois nova surpresa encontrei em um restaurante perto do trabalho o Marcelo Fugimoto, um grande amigo, perdemos o contato após eu parar de lutar e que por obra do “destino” acabamos retomando o contato.

Entre os dias 25 e 26 de Julho de 2005 a Sabrina passou muito mal, a pressão estava alta e estávamos preocupados, pois já tínhamos a experiência do Dudu. Ele nasceu com duas semanas antes do previsto devido à elevação da pressão da Sabrina e o envelhecimento precoce da placenta. No dia 26 de Julho de 2005 a Sabrina foi internada para acompanhamento e no dia 27 de Julho de 2005, aconteceu aquilo que temíamos a pressão alterou a placenta envelhecendo precocemente, ficamos inicialmente muito apreensivos sabendo que o Enrique (Ike) nasceria prematuro (7 meses) e sabíamos dos riscos, mas graças a Deus o amigo e medico da família, Kleber Cassius Rodrigues (Obstetra) nos tranqüilizou dizendo sobre a evolução da medicina para os bebes prematuros e do apoio que teríamos dele e do hospital para a situação. Então como não sabíamos exatamente quando o Enrique iria nascer fui para casa fazer os acertos para recebê-lo e quando estava no meio do caminho recebi um telefonema que a Sabrina estava indo para sala de cirurgia e que precisava retornar imediatamente para o hospital. Cheguei em tempo e vi o Ike nascer, que alivio! Como era esperado, mas desconfortável ele teve que ficar no na UTI durante vinte dias, estava bem e precisava ganhar peso. Durante estes vinte dias percebi que crianças, pais, médicos e enfermeiras usavam a determinação e se dedicavam de maneira insana para conseguir passar pelos obstáculos impostos pela vida e quem sem esta dedicação e amor seria impossível obter os resultados esperados. O esforço, evolução tecnológica e determinação são tão grandes que ficamos sabendo de uma criança que nasceu com 600 gramas e estava bem. Em 15 de agosto de 2005 o Enrique veio para casa. Foi maravilhoso e fantástico nesta data começava um novo marco e um novo aprendizado para todos.

É importante tirar lições de todas as situações e estes 20 dias apesar de cansativos e apreensivos foram importantes para verificar o quanto as pessoas se doam e dedicam por um objetivo e que independente da área que atue a determinação e dedicação são fundamentais para o sucesso e aprendizado.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Procurando saber o que é preciso... Parte I

Você alguma vez já se perguntou por que algumas pessoas ou alguns atletas se destacam mais do que outros? Normalmente esta situação é associada a talento ou facilidade, porém isto não é 75% verdade, isto mesmo, 75% verdade! Quando começamos a pensar em alto nível ser talentoso ou ter a facilidade para fazer algo não é, e nem será o suficiente. Será preciso muita dedicação e um conjunto de fatores para obter o sucesso.
Um exemplo atual é o fenômeno Usain Bolt – Atual recordista dos 100 e 200 metros com 1.93 de altura, estereótipo incomum para um corredor de curta distância, além de ter três grandes falhas na largada (fato declarado por seu treinador), se analisarmos perceberemos que ele não tem nem o biótipo comum para ser um corredor de velocidade. Será que é só talento e/ou facilidade para este tipo de prova? Ou será que ele treinou intensamente durante anos e criou suas oportunidades até chegar no estagio atual?
Eu por principio acredito em trabalho duro, dedicação e concentração. Nenhum atleta ou bom profissional de nível consegue bons resultados sem treinar/praticar muito. Nenhum judoca tem um golpe forte sem treiná-lo e corrigi-lo diariamente. Conheço atletas e amigos que faziam em media 1.000 entradas de golpe por dia, sem contar o treino da noite, e isto eles faziam sozinhos na garagem de casa utilizando câmara de bicicletas – Morote-Seoi e Ippon-Seoi. Acompanhei e participei de treinos duríssimos e de longa duração, onde no final não se conseguia nem andar e em um ato de superação fazíamos Nague-Ai (projeção de golpes), para melhorar nossa técnica e espírito.
Talvez a nova geração precise perguntar para Aurélio Miguel, Rogério Sampaio, Luiz Shinohara, Walter Carmona, Hatiro Ogawa, Luiz Onmura, Sumio Tsujimoto, Sergio Pessoa, Hitoshi Ogawa, Nelson Onmura, Fuvio Miyata, Thiago Camilo, Henrique Guimarães, Carlos Honorato, Leandro Guilhero e alguns outros o quanto eles treinaram e se dedicaram para ficarem fortes e talvez esta nova geração e seus pais consigam perceber o quanto o caminho é longo e duro, e que não existe caminho fácil para ser forte.
Acreditando que nós fazemos nossas oportunidades e que os bons atletas não são feitos só de músculos, eu sugiro que leiam “Outliers – Fora de Serie” de Malcom Gladwell, onde ele aborda porque algumas pessoas se destacam mais que outras. Se vocês quiserem detalhes veja a dica de Leitura 93 do Blog “A Guerra do Fim do Mundo” que é mantido pelo Rodrigo Guimarães Motta. O link é:
http://aguerradofimdomundo.blogspot.com/2009/07/dica-de-leitura-93-outliers.html
“Nunca te orgulhes de haver vencido a um adversário, ao que venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância.” - Jigoro Kano

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Preenchendo as lacunas do passado... Parte IV

Durante o ano de 2001 fiquei dedicado ao trabalho e não pratiquei qualquer esporte somente acompanhei de longe a evolução do vôlei e do judô. Neste ano começava o um novo capitulo do mais vitorioso técnico que o Brasil conheceu: Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho – Um exemplo de determinação, e que conhece profundamente o significado de trabalho duro. Com o passar do tempo aprendi a admirar sua obsessão pela perfeição. Neste ano conheci minha esposa e amiga Sabrina e começamos a namorar no dia 25 de Outubro.

No final do primeiro semestre de 2002 fui para o E.U.A a trabalho e fiquei aproximadamente 4 meses. Foi uma ótima experiência, mas o primeiro mês foi bastante complicado, sinceramente não estava preparado financeiramente ou psicologicamente para fazer uma mudança tão radical, sofri mais do que deveria (culpa minha) deveria ter me preparado melhor tanto financeira como psicologicamente, mas como sempre só vim entender alguns anos depois. No segundo mês encontrei uma academia de artes marciais em uma cidade próxima a que estava e que tinha jiu-jitsu e judô, praticava uma ou duas vezes por semana, mas não era constante e para minha surpresa em um determinado momento me presentearam com o “Black Belt” pela Liga de Artes Marciais - Illinois, mas sinceramente nunca entendi bem como funcionava esta liga e nunca me motivei, a saber, ela não tinha qualquer filiação com as federações reconhecidas ou que eu conhecia.

Quando retornei para o Brasil no segundo semestre descobri que seria pai! (Foi uma noticia maravilhosa), a Sabrina estava grávida e até o final de dezembro/2002 ele nasceria. Com a nova situação eu e Sabrina decidimos “casar” (juntar), fizemos uma pequena reforma no apartamento e iniciamos os preparativos para receber o novo integrante da família. Neste período de preparativos e com o estresse normal da situação, resolvi voltar a treinar, mas desta vez sem a pressão de estar em uma academia de judô ou clube, combinei com o Ricardo (primo Sabrina) e ex-atleta Associação de Judô Ypiranga a voltar a praticar o judô e desenferrujar um pouco os corpos desacostumados a treinos, havia uma academia do lado de casa e lá reencontrei o Catiboriam (Ex-Atleta do São Paulo F.C – Ligeiro) e por alguns meses praticávamos duas vezes por semana, neste período convenci a Andrea (prima Sabrina e Ricardo) a praticar judô. Ela era iniciante e na época com 14 anos aproximadamente, acredito que foi uma ótima experiência, varias vezes ela diz que gostaria de voltar.

Como previsto e após algumas pequenas complicações na gravidez o Eduardo nasceu! Loirinho de olhos verdes como eu! (Imagine o que tive que escutar e tenho que escutar até hoje) E como não poderia deixar de ser, um dos primeiros presentes foi o uniforme do glorioso Palestra Itália, afinal ser Palmeirense não é questão de opção. O segundo não foi o judogui (kimono), mas no meu pensamento já estava determinado que treinar judô também não é questão de opção. Eu acredito que ele precisará entender e viver a essência do judô, e que isto ira ajudá-lo e trará vantagens no futuro – a dedicação, disciplina e aprender a perder serão partes importantes desta vivência.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Preenchendo as lacunas do passado... Parte III

Em 1997 fiz a primeira tentativa de retorno ao tatame, afinal algum tempo antes eu também havia voltado a praticar a minha segunda paixão o voleibol jogava sempre que possível e escolhi fazer meu retorno na Vila Sônia afinal Sensei Massao Shinohara e Sensei Jun Shinohara sempre estiverem no topo do meu conceito tanto como Mestres, como seres humanos e, portanto naquele momento não existia lugar melhor para voltar. Em pouco tempo estava começando a me soltar e o ritmo estava melhor, apesar de não me dedicar da forma que gostaria, pois fazia algumas viagens a trabalho e utilizava uma boa parte do tempo para estudar tecnologia devido a minha profissão, sentia que estava evoluindo até que no segundo semestre daquele ano aconteceria mais um evento que novamente me tiraria do tatame.
Em um domingo do segundo semestre de 2000 no Parque Vila Lobos, eu conseguiria fazer aquilo que eu achava impossível, jogando voleibol eu torci o meu pé esquerdo de tal forma que sobrou somente o tendão, rompi todos os ligamentos e quebrei o pé em três partes, lembro-me até hoje que quando a minha mãe viu o meu pé ela começou a chorar e dizia que ele nunca mais voltaria para o lugar, felizmente ela estava errada! Ele voltou, mas durante um ano tive dificuldade para andar e sentia muita dor. Novamente fiquei sem praticar qualquer esporte, mas por causa desta situação acabei conhecendo minha esposa e hoje temos dois lindos filhos e que por obra do destino tiveram um impacto fortíssimo na minha volta ao Dojo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Judô Paulista - Por que eu estou incomodado?

Há algum tempo estou incomodado com os resultados obtidos pelo judô paulista e pela condução dos treinamentos efetuados para as crianças e atletas de forma geral. Eu não sou um filosofo do caos e muito menos prego esta situação, mas a experiência me diz que teremos uma entre safra longa de atletas do nível técnico do Thiago Camilo e Leandro Aguilero, que hoje são parâmetros do “judô clássico” de alto nível.

Do meu ponto de vista o judô de São Paulo parou ou regrediu, caso vocês se sintam mais confortáveis pode-se dizer que os outros estados evoluíram mais que São Paulo, mas independente da expressão utilizada o resultado é frio e único: “São Paulo tem perdido espaço para os outros Estados!”.

Analisando o judô de maneira simples e verificando o que envolve o treinar e aprender judô, concluo que para formar atletas de ponta demanda um grande esforço e anos treinamento para aperfeiçoar uma única técnica, este esforço envolve o atleta, a família, o mestre e professores com profundos conhecimentos de judô. E que se prestarmos atenção e sermos um pouco críticos perceberemos que mestres e professores deste nível são escassos nos dias hoje, e é possível contá-los nas “pontas dos dedos”!

Agora se ampliarmos este leque nós encontraremos outros “professores de judô” se é que posso chamá-los assim, eles se dividem em:

a) Aqueles que se preocupam somente com própria imagem, entidade ou academia e com os resultados obtidos em competições, e esquecem o atleta e o ser humano.
b) O outro é o professor de escolas, este normalmente é formado ou está cursando Educação Física e a experiência e conhecimentos de judô são nulos. Eles normalmente não têm o preparo ou o acompanhamento necessário para passar a filosofia e as técnicas do judô.

Sendo assim, os resultados destas duas figuras são interessantes: Juntos conseguem perder possíveis talentos para a época adulta, passam conhecimentos e valores distorcidos, enfraquecem associações tradicionais, institutos e pessoas do meio que querem a evolução do judô mantendo as tradições e espírito, gastam recursos que serão perdidos no tempo trazendo um retorno de investimento muito próximo de zero.

Na minha opinião o judô paulista me parece inerte e precisamos fazer algo ... Pensem e vamos ajudar!!!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Preenchendo as lacunas do passado... Parte II

Entre o final de 1989 e 1991 aconteceram alguns imprevistos que mudariam o rumo da minha vida. A primeira mudança ocorreu entre o final de 1989 e começo de 1990, o Sensei Akira Yamamoto a quem eu tenho muito respeito e que me ajudou muito no meu desenvolvimento como atleta estava deixando o Brasil e indo para o Japão, até aquele momento ele era o Mestre que eu tinha o contato mais próximo. Foi uma grande perda para mim naquele momento.
O segundo evento foi no começo de 1990 no torneio zonal da capital (a famosa zona 4) perderia na primeira luta para o Eduardo Nagazawa (Vila Sonia) de forma incontestável nem me lembro direito, mas deve ter sido algo como 2 kokas, uns 3 yokos e um wazari, foi a pior luta que fiz na minha vida e possivelmente uma das melhores lutas do Nagazawa. Na luta seguinte ele “perdeu” para o Marcelo Eguti (Vila Sonia) e por conseqüência eu estava fora e como conseqüência estava fora do Paulistano, Paulista e etc. Neste momento senti que o chão se abriu aos meus pés e eu estava prestes a cair, eu não entendia, havia me preparado bem, eu sabia que estava bem e meu preparo físico estava bom para aquela competição, porém naquele dia eu estava irreconhecível e foi uma decepção, afinal foi a primeira vez que não chegava ao paulista. A vida é assim quando a cabeça não pensa o corpo padece e em minha opinião o meu maior erro foi o excesso de confiança, pois eu tinha certeza que aquele ano seria o “MEU ANO”, e como deu para perceber eu estava completamente enganado.
Com o ano perdido no judô resolvi dedicar-me a faculdade e a empresa que acabará de me contratar, eu havia conquistado um aumento de salário e uma promoção de estagiário para operador de computador, que alguns meses mais tarde se tornaria em uma nova promoção para Analista/Programador, porém isto é outra historia e merece um outro post. No mesmo ano no segundo semestre aconteceu algo que definiu o meu afastamento de vez, jogando basquete “rachão” na faculdade rompi 2 ligamentos do tornozelo esquerdo e tive uma torção no joelho direito deixando-me aproximadamente seis meses sem fazer qualquer atividade física, porém meu afastamento das atividades físicas não era só pela contusão, mas também porque me dedicava cada vez mais as atividades profissionais que estavam trazendo resultado significativos, e assim foi até 1997.

sábado, 1 de agosto de 2009

Você quer ser o melhor? Então você precisa: Treinar, Treinar e Treinar

Vou descrever a experiência de pessoas que são conhecidas e que por algum motivo tornaram-se parametros, so que para isto tiveram que fazer seus sacrificios para alcançar seus objetivos.

Lições Aprendidas - Como evoluir

Aqui conterá os registros de experiências bem sucessidas e mal sucessidas, buscando sempre auxiliar as pessoas a não cometer os mesmos erros ou ajudando no aperfeiçoamento daquilo que deu certo.

Judô - Master

Irei trazer informações sobre o mundo do Judo Master, comentarios, cuidados, competições, e porque estas pessoas podem fazer a diferença no futuro do judô.

Projetos Sociais - Um exemplo de cidadania

Vou divulgar os trabalhos sociais que envolvem o judo como um meio de inclusão social e como o conjunto de ações que vem obtendo sucesso em um pais que ainda engatinha na valorização da criança, idosos e no bem estar das pessoas.

Fotografia em Preto e Branco

É um espaço destinado a lembrar do passado. Lembrar dos mestres, amigos, das conquistas, das frases bem colocadas, das frases mal colocadas, dos treinamentos, das tensões antes das competições, das frustações e etc.

Neste espaço toda ajuda é bem vinda portanto conto com ajuda de vocês, lembranças são sempre bem vindas e aprendemos com elas.

Nossos Mestres e Heróis

O Brasil tem uma carência de heróis, mitos e lendas esta situação permanece até hoje pela falta de informação e por problemas de divulgação que não atingem um publico renovável (crianças e adolescentes) e por esta deficiência não conseguimos eternizar as pessoas e situações que fizeram de algo desconhecido e/ou desacreditado em algo grandioso, mostrando que a genialidade e determinação de algumas pessoas podem transformar a vida de muitos indivíduos e indiretamente afetar a vida de outros milhares.

Meu objetivo neste tópico “Judô Brasil – Heróis” e registrar acontecimentos e percepções da visão de atletas, amigos e apaixonados pelo esporte, dos heróis que fizeram do judô Brasileiro um parâmetro mundial e que ajudam diariamente a transformar pessoas comuns em guerreiros com a determinação de vencer e ajudar o próximo.

Inicialmente gostaria de escrever das pessoas que conheci e tive algum contato. Os meus comentários serão baseados nas minhas lembranças e nas lembranças de amigos ou conhecidos.

Para que tenhamos um horizonte às pessoas que irei escrever inicialmente são:

Raizes
- Ryuzo Ogawa;
- Massao Shinohara;
- Chiaki Ishi;
- Fuyo Oide;
- Naka;
- Akira Yamamoto;
- Kurati;
- Uichiro Umakakeba
- Paulo Duarte.

A nova geração
- Hatiro Ogawa
- Hitoshi Ogawa
- Luiz “Jun” Shinohara
- Floriano Almeida
- Walter Carmona
- Luiz Onmura
- Aurelio Miguel
- Rogerio Sampaio
- Ricardo Sampaio
- Douglas Vieira

O Resultado
- Flavio Canto
- Tiago Camilo
- Leandro Aguilero
- Henrique Guimarães
- Carlos Honorato

Novos Mestres – Eu acredito neles
- Sergio Lex
- Fernado Maionche
- Flavio Honorato
- Mauricio Kawahara
- Eduardo Miyasato

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Preenchendo as lacunas do passado... Parte I

Durante anos fiquei afastado dos tatames, mas nunca deixei de acompanhar o andamento do esporte e o crescimento constante dos nossos atletas, durante minhas viagens fazia pequenos treinos e tentava manter-me motivado a praticar o Judô, sabia que não tinha o vigor físico da adolescência e as contusões e atividades profissionais que ocorreram no período de 1990 até 2007 deixavam-me longe do Judô.

Neste período por varias vezes pensei que não poderia recuperar o tempo perdido e conseqüentemente não poderia competir no mesmo nível de anos atrás. Depois de muitos anos dei os primeiros passos e compreendi que eu tinha razão, eu não conseguiria estar no nível que gostaria e eu precisaria fazer um esforço que na época ou momento era impossível.

Esta situação foi um importante divisor de águas, pois comecei a refletir o que o Judô representava para mim e como ele fortificou os 5 pilares da minha vida: Família, Amigos, Estudos, Esporte e Profissão.

A partir deste momento compreendi que meus filhos também deveriam participar deste aprendizado e deveriam entender como o mundo pode ser rico com ensinamentos tão simples.

“A essência do Judô não está na vitória nem na revelação do talento, mas sim no esforço e na habilidade desprendidas para conseguí-las" (Jigoro Kano)