segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Preenchendo as lacunas do passado... Parte VI

No segundo semestre de 2005 e primeiro semestre de 2006 não fiz qualquer atividade física, era pai fresco e a iniciava um novo desafio profissional havia entrado em uma sociedade de uma empresa de tecnologia e iria para o Rio de Janeiro toda a semana, isto é, iria para o Rio de Janeiro toda a segunda-feira e retornava para São Paulo toda sexta-feira, sinceramente eu não gostava desta vida, mas era um mal necessário.

Durante minha estadia no Rio comecei a sentir falta de fazer uma atividade física e como as academias de judô que conhecia eram muito longe de onde eu estava, pensei em praticar Krav Maga, mas só pensei! Assisti a algumas aulas, mas nunca pratiquei.

Um belo dia resolvi procurar alguma coisa para tirar o estresse acumulado e o tédio que me trazia aquela vida. conversando com um amigo ele disse que tinha uma academia em Laranjeiras, no inicio fiquei relutante em ir, mas acabei indo treinar algumas vezes o que me ajudou muito a suportar os dias que estavam por vir.

Em março de 2007 estava em São Paulo novamente agora em outras condições. Não fazia mais parte do quadro de sócios da empresa que ajudei a fundar e na minha cabeça iniciava-se uma mudança e uma nova maneira de tratar os assuntos. Em uma analise rápida podia se verificar que a minha saúde estava em estado deplorável: Muito acima do peso, pressão alta, triglicérides alto, alergias crônicas e um cansaço e desanimo de dar inveja em Morfeu - Deus do Sono. Neste momento critico e confuso aconteceu algo interessante o Dudu havia crescido e seu interesse por esportes havia aumentado e como primeira tentativa optamos pelo futebol que era próximo da escola, porém a idéia para o momento não foi feliz! Ele era muito pequeno para as outras crianças que praticavam o esporte. Com o ocorrido surgiu à idéia de colocar o Dudu para praticar judô e comecei a procurar uma academia próxima de casa – Mas não poderia ser qualquer lugar, judô de escolhinha nem pensar, só seu conhecesse o professor e confiasse plenamente nele – algo difícil ultimamente, judô de clube só é interessante a partir da adolescência próximo da fase adulta, o que eu gostaria de verdade é colocá-lo em uma academia / associação como nas que aprendi e que tem forte tradição japonesa e alta disciplina. – Naka e Vila Sonia. Em uma das minhas visitas ao CAT da federação com o Dudu acabei pegando o endereço de duas academias: A primeira que fiz opção de ir foi a Shurikan na Vila Mariana, porém para o Eduardo não havia um horário razoável, onde eu conseguisse sair do trabalho e o levasse até o judô. Mas quando vi a movimentação na academia fiquei empolgado e rapidamente resolvi voltar aos treinamentos, e de quebra às vezes trazia o Dudu para assistir, para ver se ele se empolgava com os treinos, eu não queria forçá-lo. Após um mês de treino me sentia melhor e comecei a forçar o ritmo, no terceiro mês quando me sentia bem tive uma nova lesão aplicando um tomoe-nague! Consegui descolar um músculo do osso bacia! Meu amigo que é ortopedista disse-me que talvez precisasse de uma cirurgia, logo fui obrigado a ficar de molho mais alguns meses. Como era de se esperar, mas eu não queria acreditar é que a idade chega para todos, e todo cuidado e pouco. E como não me preparei como devia acabei me prejudicando por mais um longo período.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Procurando saber o que é preciso... Parte II

Vocês conhecem o provérbio popular: “Me digas com quem andas e eu te direi quem es”. Esta frase encaixa-se perfeitamente ao nosso dia-a-dia e a qualquer atividade que você queira fazer.
Para maioria das pessoas um indivíduo ficará bom (forte) somente com sua força de vontade e capacidade. Porém eu não acredito que isto seja 100% verdade! Não tenho duvida que seja necessária força de vontade e capacidade, mas para se tornar realmente forte você precisa de algo mais... A ajuda de companheiros e professores.

Eu tenho certeza que se você tiver companheiros que queiram te ajudar e que você esteja disposto a se esforçar, acredite você irá crescer. Evoluir! E quanto mais fortes e técnicos forem seus companheiros melhor e mais rápida será a sua evolução. Tendo estas pessoas você terá parâmetros (exemplos), objetivos - alguém que você queira superar, e assim ter uma trilha para alcançar seu objetivo.

Olhando para trás a minha geração foi privilegiada e teve a oportunidade de ser treinado e treinar com os melhores do judô nacional. Tive a oportunidade de treinar e ser treinado por: Luiz “Jun” Shinohara, Floriano, Luiz Onmura, Nelson Onmura, Sumio Tsugimoto, Aurélio Miguel, Ricardo Sampaio, Rogério Sampaio, Hitoshi Ogawa, Ishii, Massao Shinohara, Oide, Saito e tantos outros.

Uma das ótimas lembranças que tenho era treinar com o Luiz "Jun" Shinohara, eu era derrubado umas 10 vezes de ulti-mata e mais umas 10 vezes de okuri-ashi-barai, mas era uma felicidade treinar com ele, apesar de eu ter certeza que ele não era muito fã de fazer handori comigo. Mas todas as vezes que pedi para ele treinar comigo ele veio sempre com toda a boa vontade.  Meu objetivo era claro ser bom e técnico como ele. O Jun era o meu objetivo e parâmetro para crescimento, porém nunca cheguei nem perto da sua habilidade.

Conversando com um amigo outro dia, escutei aquilo que eu acredito. A questão do parâmetro, do objetivo. Naquele momento ele lembrou-se que quando viu o Yoko-Tomoe do Myasato... Pensou: “É isto que quero fazer!”.

Em outro caso um grande amigo aprendeu e treinou o Tai-Otoshi do Mike Swain. Eu me lembro que eu e ele apanhamos dele que nem gente grande. Foi ótimo!!! Outros tentavam copiar o ippon-seoi do Luiz Onmura e assim por diante... Tínhamos um serie de exemplos que poderíamos seguir e sabíamos que quanto mais treinávamos com eles, mais fortes poderíamos ficar.

Sendo assim o praticante de judô e o judoca dependem muito das pessoas, apesar de ser um esporte individual, devemos sempre agradecer e respeitar a família, professores, companheiros, amigos, rivais e etc. E lembre-se sempre que não existe maneira fácil de ficar forte.

"O adversário é um parceiro necessário ao progresso, a vida da humanidade baseia-se neste princípio." (Jigoro Kano).

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Preenchendo as lacunas do passado... Parte V

Enquanto o Dudu crescia e eu já havia parado de treinar, porque tive dificuldade de conciliar as atividades de profissional, pai, marido e esportista, então por opção e por “preguiça” fiz a opção de não praticar esportes. Na metade de 2004 tive uma nova surpresa a Sabrina estava grávida e a previsão de chegada do bacuri era setembro de 2005.

Durante o período antes do nascimento aconteceram alguns fatos interessantes o primeiro deles foi encontrar o Eduardo Kodama (Vila Sônia) no Hospital Maternidade São Luiz, a Sabrina fazendo o acompanhamento da gravidez e o Kodama se preparando para ser pai pela primeira vez, como sempre nestes encontros de certa forma nostálgicos falamos sobre judô e da vontade de voltar a treinar. Algumas semanas depois nova surpresa encontrei em um restaurante perto do trabalho o Marcelo Fugimoto, um grande amigo, perdemos o contato após eu parar de lutar e que por obra do “destino” acabamos retomando o contato.

Entre os dias 25 e 26 de Julho de 2005 a Sabrina passou muito mal, a pressão estava alta e estávamos preocupados, pois já tínhamos a experiência do Dudu. Ele nasceu com duas semanas antes do previsto devido à elevação da pressão da Sabrina e o envelhecimento precoce da placenta. No dia 26 de Julho de 2005 a Sabrina foi internada para acompanhamento e no dia 27 de Julho de 2005, aconteceu aquilo que temíamos a pressão alterou a placenta envelhecendo precocemente, ficamos inicialmente muito apreensivos sabendo que o Enrique (Ike) nasceria prematuro (7 meses) e sabíamos dos riscos, mas graças a Deus o amigo e medico da família, Kleber Cassius Rodrigues (Obstetra) nos tranqüilizou dizendo sobre a evolução da medicina para os bebes prematuros e do apoio que teríamos dele e do hospital para a situação. Então como não sabíamos exatamente quando o Enrique iria nascer fui para casa fazer os acertos para recebê-lo e quando estava no meio do caminho recebi um telefonema que a Sabrina estava indo para sala de cirurgia e que precisava retornar imediatamente para o hospital. Cheguei em tempo e vi o Ike nascer, que alivio! Como era esperado, mas desconfortável ele teve que ficar no na UTI durante vinte dias, estava bem e precisava ganhar peso. Durante estes vinte dias percebi que crianças, pais, médicos e enfermeiras usavam a determinação e se dedicavam de maneira insana para conseguir passar pelos obstáculos impostos pela vida e quem sem esta dedicação e amor seria impossível obter os resultados esperados. O esforço, evolução tecnológica e determinação são tão grandes que ficamos sabendo de uma criança que nasceu com 600 gramas e estava bem. Em 15 de agosto de 2005 o Enrique veio para casa. Foi maravilhoso e fantástico nesta data começava um novo marco e um novo aprendizado para todos.

É importante tirar lições de todas as situações e estes 20 dias apesar de cansativos e apreensivos foram importantes para verificar o quanto as pessoas se doam e dedicam por um objetivo e que independente da área que atue a determinação e dedicação são fundamentais para o sucesso e aprendizado.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Procurando saber o que é preciso... Parte I

Você alguma vez já se perguntou por que algumas pessoas ou alguns atletas se destacam mais do que outros? Normalmente esta situação é associada a talento ou facilidade, porém isto não é 75% verdade, isto mesmo, 75% verdade! Quando começamos a pensar em alto nível ser talentoso ou ter a facilidade para fazer algo não é, e nem será o suficiente. Será preciso muita dedicação e um conjunto de fatores para obter o sucesso.
Um exemplo atual é o fenômeno Usain Bolt – Atual recordista dos 100 e 200 metros com 1.93 de altura, estereótipo incomum para um corredor de curta distância, além de ter três grandes falhas na largada (fato declarado por seu treinador), se analisarmos perceberemos que ele não tem nem o biótipo comum para ser um corredor de velocidade. Será que é só talento e/ou facilidade para este tipo de prova? Ou será que ele treinou intensamente durante anos e criou suas oportunidades até chegar no estagio atual?
Eu por principio acredito em trabalho duro, dedicação e concentração. Nenhum atleta ou bom profissional de nível consegue bons resultados sem treinar/praticar muito. Nenhum judoca tem um golpe forte sem treiná-lo e corrigi-lo diariamente. Conheço atletas e amigos que faziam em media 1.000 entradas de golpe por dia, sem contar o treino da noite, e isto eles faziam sozinhos na garagem de casa utilizando câmara de bicicletas – Morote-Seoi e Ippon-Seoi. Acompanhei e participei de treinos duríssimos e de longa duração, onde no final não se conseguia nem andar e em um ato de superação fazíamos Nague-Ai (projeção de golpes), para melhorar nossa técnica e espírito.
Talvez a nova geração precise perguntar para Aurélio Miguel, Rogério Sampaio, Luiz Shinohara, Walter Carmona, Hatiro Ogawa, Luiz Onmura, Sumio Tsujimoto, Sergio Pessoa, Hitoshi Ogawa, Nelson Onmura, Fuvio Miyata, Thiago Camilo, Henrique Guimarães, Carlos Honorato, Leandro Guilhero e alguns outros o quanto eles treinaram e se dedicaram para ficarem fortes e talvez esta nova geração e seus pais consigam perceber o quanto o caminho é longo e duro, e que não existe caminho fácil para ser forte.
Acreditando que nós fazemos nossas oportunidades e que os bons atletas não são feitos só de músculos, eu sugiro que leiam “Outliers – Fora de Serie” de Malcom Gladwell, onde ele aborda porque algumas pessoas se destacam mais que outras. Se vocês quiserem detalhes veja a dica de Leitura 93 do Blog “A Guerra do Fim do Mundo” que é mantido pelo Rodrigo Guimarães Motta. O link é:
http://aguerradofimdomundo.blogspot.com/2009/07/dica-de-leitura-93-outliers.html
“Nunca te orgulhes de haver vencido a um adversário, ao que venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância.” - Jigoro Kano