domingo, 29 de maio de 2011

V Copa Budokan de Judô - 2010 – Mogi – Parte II

Não posso negar, estava bastante ansioso, logo após o comprimento iniciamos os estudos e a briga pela melhor pegada, ele tentava me patolar com a mão direita e eu me esquivava e tentava patolá-lo da mesma forma, dificultando suas investidas, ele nitidamente levava vantagem no quesito força e ataque, por algumas vezes ele conseguiu me patolar e rapidamente tentava um osoto-gari, mas sem efeito. Eu por outro lado não conseguia fazer uma entrada se quer, esta situação me levou a levar a primeira advertência (shido) por falta de combatividade e ele sabendo desta punição continuou dominando a pegada e forçou uma nova advertência (outro shido), só que desta vez ela se tornou um yuko.

Agora a situação me obrigava a mudar a forma de luta e conseqüentemente eu precisaria abrir o jogo, isto é, precisava me expor, fiz algumas investidas sem qualquer efeito e em um momento quando o Juiz disse MATE por sairmos da área, aconteceu o que eu temia; No retorno (Hajime) ele veio rapidamente para cima e conseguiu pegar a minha manga e patolar-me, esticou a perna e entrou um osoto-gari - Yuko! Gritou o Juiz. Para minha sorte o golpe não foi efetivo – um Ippon, eu consegui virar no momento exato da queda, caindo de lado.

Levantei furioso disposto a virar a luta, não me importava se ia perder de Ippon ou Yuko, eu queria ganhar, para isto fui para cima e trocamos pegadas e aplicamos vários golpes sem efeito, faltando 10 segundos para terminar a luta ele começou a me empurrar para fora da área, eu rapidamente segurei nas duas mangas pressionei-as para baixo e virei um sode-tsuri-komi-goshi, senti ele subir nas minhas costas quando a manga esquerda dele escapou da minha mão e eu não consegui finalizar o golpe, ele escorregou pelo meu lado direito e ouvi no fundo o arbitro dizer : SOROMADE!

Minha ultima esperança havia literalmente escapado pela minha mão direita e também qualquer chance de me classificar na competição, precisava vencer esta lutar para ir para semifinal.

Para dizer a verdade fiquei até certo ponto satisfeito, no final da luta eu olhava para o rosto do Trinca e o via suado, cansado e me parecia um pouco assustado, creio que ele percebeu que se a manga não tivesse escapado eu conseguiria ter finalizado no último segundo, mas como no judô não existe “SE” ele saiu vitorioso. Além disto, ele é um atleta TOP no Master e é uma pessoa que merece todo o respeito.

Para finalizar os combates na luta seguinte ele venceu com facilidade e na final ele enfrentou o Rogerio Shinobi da Vila Sonia, onde perdeu sua invencibilidade na competição.

Após a luta e com o meu ânimo em seu devido lugar o meu o corpo começou a esfriar e comecei a sentir algumas dores musculares, vamos dizer: - Sintomas comuns para um veterano depois de um shiai. Mas uma dor especifica começou a incomodar com maior freqüência – o desconforto em meu ombro direito começou a aumentar. Isto mesmo, aquela mesma dor de semanas atrás agora aumentada exponencialmente, porém não sabia o quanto a minha ignorância iria custar...

domingo, 22 de maio de 2011

V Copa Budokan de Judô - 2010 – Mogi – Parte I

Em 13 de Janeiro de 2010 retorno aos treinos e aos preparativos para as competições de 2010, sinceramente estava empolgado com os resultados do ano anterior, via boas perspectivas para o ano.
Em 04 de Janeiro completei exatamente um ano sem fumar, uma vitoria tão fantástica quanto ganhar um campeonato Brasileiro. Neste periodo eu estava bem e só precisava me dedicar aos treinos, a primeira competição seria V Copa Budokan de Judô em Mogi das Cruzes e seria muito forte. Todos os competidores precisavam pegar ritmo e esta competição seria a única oportunidade antes da Copa São Paulo, primeira competição oficial do calendário paulista, e premiaria o primeiro colocado com uma vaga para o Campeonato Paulista e Sul Brasileiro.

Como todo inicio de ano a maioria estava fora de forma e peso, e no meu caso não era diferente, estava com 86 kilos, e a categoria que iria lutar o limite era de 81 kilos, resumindo precisava entrar em forma rapidamente.  Treinando mais forte e comendo um pouco menos consegui chegar aos 81kilos e estar apto a lutar no Meio-Médio, algo que só consegui as vésperas da competição.

Chegamos cedo ao ginásio municipal de Mogi das Cruzes e fui rapidamente para a pesagem, para a minha alegria pesei 81 kilos cravados. Na minha categoria tinha atletas bastante fortes como o Trinca, o Xuxu e o Shinobi, todos bastante experientes em competições Master.

Lembro-me que diferente da década de 80 hoje não se sabe qual a área que se vai lutar, é feita uma fila imensa de atletas e conforme as áreas vão ficando vazias são preenchidas por novos combates. Não posso negar ficou mais rápido e aparentemente mais organizado, mas é extremamente cansativo para os atletas e estimula o nervosismo para a luta, além de prejudicar o espectador que não sabe quem vai lutar e onde. Esta sensação para quem assiste é muito confusa.

A minha primeira luta seria com um rapaz do São Caetano, um faixa marrom que parecia nervoso, preocupado e descrente, neste combate para ajudar o nosso nervosismo descobrimos que o combate seria gravado para o programa “Caminho Suave” que passa todos os domingos as 16:00 hs no canal TV Aberta e fica disponível na internet no link http://www.programacaminhosuave.com.br/,  muito destes combates são  narrados pelo grande amigo, judoca e professor Fernando Catalano.

Eu estava suando e rezava para a lutar começar logo, sabia que depois do primeiro golpe tudo voltaria ao normal, Lembro-me da pegada, consegui matar gola e manga com facilidade, deixei o braço de meu adversário inoperante, empurrava-o para fora da área quando ele resolveu soltar a mão da minha manga, era tudo que eu precisava, rapidamente entrei um o-soto-gari sem defesa – IPPON! Foi muito bonito, com a descarga da adrenalina acabei saindo até de maneira errada, fui querer passar na frente do arbitro lateral que logo me corrigiu.

A minha segunda luta seria duríssima, o meu adversário seria o Trinca. Eu treinei com ele uma única vez no Projeto Futuro e tinha sofrido bastante para sair da sua pegada, naquele treino fui jogado algumas vezes, desta forma eu sabia o que deveria ser feito, tinha consciência de sua força e preparo físico. Neste momento eu entendia que podia ter alguma vantagem a minha envergadura e a quantidade de golpes pareciam ser maiores, mas eu tinha certeza, se eu perdesse a pegada seria jogado sem piedade e pensando desta forma iniciei o combate.

domingo, 1 de maio de 2011

Brasileiro de Veteranos 2009 – Resultado Esperado

Apesar do cansaço e sono, eu no fundo queria lutar, mas sentia-me um pouco culpado e não sentia-me confortavel em competir. Nesta uma hora pensei varias vezes em não lutar, mas logo em seguida apareciam lembranças fortes instigando-me a lutar. Tenho certeza que ele não ficaria feliz se eu não lutasse, possivelmente uma das suas decepções foi eu ter parado de praticar judô na decada de 90, quando tive a primeira cirurgia no meu tornozelo. Pensando nisto e por outras razões particulares decidi lutar e comecei a preparar as coisas para competir, tomei um banho, falei com a Sabrina e fui para o Sport Club Corinthians. Sinceramente acreditava que poderia surpreender, apesar de não ser supersticioso não podia esquecer, nos anos 80 nunca havia ganho uma competição naquele Ginásio, o maximo que consegui foi um terceiro lugar, ganho por um koka duvidoso. Neste momento pensei que tabus foram feitos para serem quebrados e naquele dia eu poderia vencer mais um.

Após a pesagem confirmou-se - Eu estava na categoria até 81 kgs (meio-médio), M2 (35 até 39 anos) fiquei vagando pelo ginásio e não conseguia me concentrar. Fiquei parado olhando para as áreas de competição me veio uma lembrança não tão agradável. Lembrei-me que a ultima competição que participei naquele Ginásio foi contra o Uchida (Vila Sonia) na categoria Junior Ligeiro, fazia muitos anos, porém recordei que vencia a luta por um yuko merecia um wazari, foi um lindo Yoko-Tomoe utilizando o pé-direito algo que não era comum eu fazer, afinal meu pé bom é o esquerdo. Lembro-me como se fosse hoje, eu controlava a luta, estava ganhandoe faltava pouco menos de cinco segundos, ele andou para o lado eu travei o passo, e nesse momento ele entrou rapidamente um Yoko-Tomoe - Wazari e Soromade gritou o Juiz. perdi a luta ... Triste lembrança, mas tinha consciência ganhar ou perder é parte da vida e devemos aprender com cada uma delas.

Fora a lembrança inadequada para o momento, quando iniciou os combates estava calmo, não havia pressão sobre os meus ombros, a primeira luta foi com um rapaz de São Paulo, faixa marrom, era canhoto e tinha a pegada forte, tentei algumas vezes o ouchi-gari e o-soto-gari sem qualquer efeito. Em seguida ele tomou uma advertência (shido) por falta de combatividade, no momento que o arbitro autorizou a volta do combate (hajime!), matei a manga esquerda, deixei ele patolar o meu ombro, arranquei a pegada com a mão direita, fazendo a pegada manga-manga, empurrando para fora da área no momento que ele parou de recuar entrei rapidamente um sode-tsuri-komi-goshi, Ippon! Gritou o arbitro.Final de combate, e eu estava satisfeito com o primeiro combate.

No segundo combate enfrentaria o Denilson (Praia Grande) atleta forte, e que havia ficado em segundo lugar no Paulista Sênior deste ano, sinceramente achei que poderia surpreendê-lo, mas logo nos primeiros segundos percebi que não seria tarefa fácil, sua pegada tinha um pressão incrível e conseqüentemente não conseguia me mover com facilidade e muito menos arrastá-lo, tentei entrar alguns golpes de perna como de-ashi-barai, ouchi-gari e ameçava alguns uti-matas. Neste momento percebi que ele aguardava calmamente uma oportunidade, rapidamente ele patolou-me e travou os meus movimentos, levando-me para o canto da área e aplicou um sumi-gaeshi – wazari! Gritou o arbitro, em seguida ele partiu para ossae-komi , utilizando o tate-shiho-gatame, com a imobilização ficou impossível de movimentar , passaram-se vinte segundos – wazari! Ippon! Soromade. Terminava ali a minha esperança de surpreender, agora para minha decepção teria que aguardar a repescagem para tentar o terceiro lugar.

Fiquei muito apreensivo e estava cansado, queria acabar logo com aquilo. Meu próximo adversário seria um faixa marrom, não me parecia forte e nem habilidoso, primeiro erro – subestimar seu adversário. Para dificultar ainda mais eu comenti um segundo erro –  Eu o pressionava meu adversario para lutar logo.

Minha espera demorou aproximadamente quinze minutos e fomos para área de combate, após o hajime, segurei em seu kimono e percebi que não seria complicado até entrar o primeiro golpe. Quando tentei entrar um o-soto-gari, percebi que a base dele era forte, e que ele se pendurava em mim, dificultado as minhas investidas, ele lutava com o braço duro não deixando me aproximar e eu não o movimentava o suficiente para colocá-lo em uma posição desconfortável, este foi o meu terceiro erro, da metade da luta em diante sentia o cansaço por ele estar pendurando em mim e numa entrada desajeitada e desesperada de ouchi-gari acabei levando um contra golpe um de-ashi-barai, wazari! Decretou o arbitro, eu estava incrédulo e irritado ao mesmo tempo e infantilmente comecei atacar desenfreadamente e quando parei de atacar o meu adversário se pendurou e entrou um Yoko-Wakare pendurando-se em mim e me jogou... Ippon! Acabava ali a chance do terceiro lugar e eu agora teria que me contentar com o quinto lugar.

Para ser sincero eu não fiquei chateado com o resultado, apesar de não gostar de perder, mas naquele momento eu estava muito mais preocupado com o meu pai e queria saber se ele estava bem. De qualquer forma, a minha atitude ou comportamento não poderiam ser justificadas, depois de algum tempo eu me senti mal, pois tenho certeza que não fiz o meu melhor...