domingo, 1 de maio de 2011

Brasileiro de Veteranos 2009 – Resultado Esperado

Apesar do cansaço e sono, eu no fundo queria lutar, mas sentia-me um pouco culpado e não sentia-me confortavel em competir. Nesta uma hora pensei varias vezes em não lutar, mas logo em seguida apareciam lembranças fortes instigando-me a lutar. Tenho certeza que ele não ficaria feliz se eu não lutasse, possivelmente uma das suas decepções foi eu ter parado de praticar judô na decada de 90, quando tive a primeira cirurgia no meu tornozelo. Pensando nisto e por outras razões particulares decidi lutar e comecei a preparar as coisas para competir, tomei um banho, falei com a Sabrina e fui para o Sport Club Corinthians. Sinceramente acreditava que poderia surpreender, apesar de não ser supersticioso não podia esquecer, nos anos 80 nunca havia ganho uma competição naquele Ginásio, o maximo que consegui foi um terceiro lugar, ganho por um koka duvidoso. Neste momento pensei que tabus foram feitos para serem quebrados e naquele dia eu poderia vencer mais um.

Após a pesagem confirmou-se - Eu estava na categoria até 81 kgs (meio-médio), M2 (35 até 39 anos) fiquei vagando pelo ginásio e não conseguia me concentrar. Fiquei parado olhando para as áreas de competição me veio uma lembrança não tão agradável. Lembrei-me que a ultima competição que participei naquele Ginásio foi contra o Uchida (Vila Sonia) na categoria Junior Ligeiro, fazia muitos anos, porém recordei que vencia a luta por um yuko merecia um wazari, foi um lindo Yoko-Tomoe utilizando o pé-direito algo que não era comum eu fazer, afinal meu pé bom é o esquerdo. Lembro-me como se fosse hoje, eu controlava a luta, estava ganhandoe faltava pouco menos de cinco segundos, ele andou para o lado eu travei o passo, e nesse momento ele entrou rapidamente um Yoko-Tomoe - Wazari e Soromade gritou o Juiz. perdi a luta ... Triste lembrança, mas tinha consciência ganhar ou perder é parte da vida e devemos aprender com cada uma delas.

Fora a lembrança inadequada para o momento, quando iniciou os combates estava calmo, não havia pressão sobre os meus ombros, a primeira luta foi com um rapaz de São Paulo, faixa marrom, era canhoto e tinha a pegada forte, tentei algumas vezes o ouchi-gari e o-soto-gari sem qualquer efeito. Em seguida ele tomou uma advertência (shido) por falta de combatividade, no momento que o arbitro autorizou a volta do combate (hajime!), matei a manga esquerda, deixei ele patolar o meu ombro, arranquei a pegada com a mão direita, fazendo a pegada manga-manga, empurrando para fora da área no momento que ele parou de recuar entrei rapidamente um sode-tsuri-komi-goshi, Ippon! Gritou o arbitro.Final de combate, e eu estava satisfeito com o primeiro combate.

No segundo combate enfrentaria o Denilson (Praia Grande) atleta forte, e que havia ficado em segundo lugar no Paulista Sênior deste ano, sinceramente achei que poderia surpreendê-lo, mas logo nos primeiros segundos percebi que não seria tarefa fácil, sua pegada tinha um pressão incrível e conseqüentemente não conseguia me mover com facilidade e muito menos arrastá-lo, tentei entrar alguns golpes de perna como de-ashi-barai, ouchi-gari e ameçava alguns uti-matas. Neste momento percebi que ele aguardava calmamente uma oportunidade, rapidamente ele patolou-me e travou os meus movimentos, levando-me para o canto da área e aplicou um sumi-gaeshi – wazari! Gritou o arbitro, em seguida ele partiu para ossae-komi , utilizando o tate-shiho-gatame, com a imobilização ficou impossível de movimentar , passaram-se vinte segundos – wazari! Ippon! Soromade. Terminava ali a minha esperança de surpreender, agora para minha decepção teria que aguardar a repescagem para tentar o terceiro lugar.

Fiquei muito apreensivo e estava cansado, queria acabar logo com aquilo. Meu próximo adversário seria um faixa marrom, não me parecia forte e nem habilidoso, primeiro erro – subestimar seu adversário. Para dificultar ainda mais eu comenti um segundo erro –  Eu o pressionava meu adversario para lutar logo.

Minha espera demorou aproximadamente quinze minutos e fomos para área de combate, após o hajime, segurei em seu kimono e percebi que não seria complicado até entrar o primeiro golpe. Quando tentei entrar um o-soto-gari, percebi que a base dele era forte, e que ele se pendurava em mim, dificultado as minhas investidas, ele lutava com o braço duro não deixando me aproximar e eu não o movimentava o suficiente para colocá-lo em uma posição desconfortável, este foi o meu terceiro erro, da metade da luta em diante sentia o cansaço por ele estar pendurando em mim e numa entrada desajeitada e desesperada de ouchi-gari acabei levando um contra golpe um de-ashi-barai, wazari! Decretou o arbitro, eu estava incrédulo e irritado ao mesmo tempo e infantilmente comecei atacar desenfreadamente e quando parei de atacar o meu adversário se pendurou e entrou um Yoko-Wakare pendurando-se em mim e me jogou... Ippon! Acabava ali a chance do terceiro lugar e eu agora teria que me contentar com o quinto lugar.

Para ser sincero eu não fiquei chateado com o resultado, apesar de não gostar de perder, mas naquele momento eu estava muito mais preocupado com o meu pai e queria saber se ele estava bem. De qualquer forma, a minha atitude ou comportamento não poderiam ser justificadas, depois de algum tempo eu me senti mal, pois tenho certeza que não fiz o meu melhor...

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